quarta-feira, maio 30, 2007

Beja para o Turista


Não conheço pessoalmente os seus funcionários, não sei pessoalmente se as conversas atingem este dramatismo mas o que é certo é que aqui, regressando do centro histórico, os turistas queixam-se bastante do nosso Posto de Turismo e descrevem cenas dantescas de ironia rude.

Falei aqui muitas vezes da problemática das lojas e das coisas para os locais, mas Beja não é só para nós, ou pelo menos não deveria ser. Cidade com interesse histórico inquestionável está enclausurada e não se mostra, não se orgulha exibindo-se. E se é verdade que o termo exibicionista é um pouco duro e pode facilmente ser associado a algo negativo, quando se refere a Turismos exibir é um imperativo. Mostrar, expor… o que temos, o que fazemos, trazer gente, trazer dinheiro, mostrar não só as coisas que os antigos fizeram mas aquelas que somos capazes de fazer, os nossos espectáculos os nossos cafés, os nossos bolos e pastelaria regional, o comer caracóis ao fim da tarde na esplanada. Nós gostamos de fazer isso, viajar, conhecer, ser bem atendidos nas aldeias, vilas, cidades que visitamos no estrangeiro. Como pode o Turista saber algo se ao fim de semana é raro encontrar informação, se o horário exposto na porta é meramente expositivo e cumprido de modo flutuante. O Volto Já é recorrente segundo as queixas que tenho…

O Alentejo tem potencial. Tem calma em tempos de stress, tem beleza natural num mundo de prédios, tem fluência para os que se enclausuram nos seus carros em trânsitos infernais, tem silêncio para os que constantemente sente o espírito assaltado pelas buzinas e ambulâncias. Isto é ouro para os que não vivem assim, porque não dar-lhes também um pouco disto, porque não ajudar a que sintam no dia em que nos visitam, a mesma qualidade que desejamos que exista sempre aqui… Parece-me quase ilegítimo não tratar bem as pessoas que vêem desfrutar de tudo isso. Fechar-lhes as portas nos dias que deveriam ser os dias de movimento, ou não ser cumpridor de um horário estabelecido e exibido só porque é difícil estacionar no centro.

O estado de espírito da cidade é preocupante a todos os níveis… o desinteresse brutal instala-se e pelas artérias da cidade vai-se espalhando. O entusiasmo dos poucos é fantasioso para os normais contaminados pela estagnação. Os estrangeiros e portugueses que visitam sentem isso e sentem que a cidade não esta feita para turismos, chegam a perguntar 'somos os unicos turistas'. Que bom que aqueles que fantasiam não desistem e não abandonam a cidade e ainda nos premeiam com espectáculos, esperanças, livrarias, projectos aqui e ali e blogues vários a discutir o futuro da região.

Obrigado

1 comentário:

RCataluna disse...

Excelente post!!

Bj e abraço ao ANdré!!